A idéia da criação de uma instituição que privilegiasse a cultura gaúcha surgiu entre 1995 e 1996, sendo concretizada através de um convênio entre o governo federal e o governo estadual, em setembro de 1996. Ficou acordado, nessa ocasião, que a sede dos Correios e Telégrafos por quase um século, abrigaria um centro histórico sobre a memória rio-grandense. O acordo de cedência do prédio implicaria também na criação de um Museu Postal e uma Agência Filatélica, o que manteria uma estreita vinculação com as suas funções originais.
O projeto de restauração foi previamente aprovado pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), uma vez que o prédio foi tombado em 1980.
O antigo prédio dos Correios e Telégrafos foi totalmente revitalizado para abrigar a Instituição. Surgiu, dessa forma, um centro de informação e divulgação da história do estado, reunindo objetos, mapas, gravuras, fotos, livros, imagens iconográficas e depoimentos importantes sobre os principais fatos ocorridos no Rio Grande do Sul. O riquíssimo acervo está exposto através de uma concepção museográfica moderna aliada a novas tecnologias, permitindo, assim, a integração com o público e o fácil entendimento dos conteúdos.
Restauração
O prédio dos Correios, construído entre 1910 e 1914, saiu da prancheta do arquiteto alemão Theo Wiedersphan, responsável por várias construções em Porto Alegre no começo do século.
Tombado em 1980, o imóvel passou, a partir de 1998, por um criterioso processo de restauração, objetivando preservar suas características originais e adequá-lo para a instalação do Memorial.
O prédio, de 3.600m², foi totalmente recuperado e seus 3.500m² de fachadas receberam tratamento especial. Internamente, seus espaços foram adaptados às novas funções museográficas, com toda a infra-estrutura necessária, como a climatização das áreas destinadas ao Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul e as Salas do Tesouro.
Seus dois pátios internos, anteriormente ocupados por cabines de força e geradores, foram completamente recuperados, ganhando clarabóias e elevadores para dar acesso, principalmente, às pessoas com dificuldade de locomoção.
Todo o cuidado foi tomado também com o terraço voltado para a Rua Siqueira Campos, que ressurgiu após a demolição de acréscimos.
O prédio dos Correios e Telégrafos
A construção do prédio que abrigou a sede dos Correios e Telégrafos foi iniciada em 30/09/1910 e concluída em 31/12/1913. A execução do projeto foi confiada ao Engenheiro Rodolfo Ahrons e ao Arquiteto Teodor Wiederspahn. O estilo arquitetônico é marcado pela tendência às formas abarrocadas.
A firma de Ahrons foi escolhida por ser sólida e representar a comunidade alemã, que vinha se constituindo em importante segmento econômico da sociedade gaúcha. O Governo positivista julgava importante se aproximar dessa comunidade, pois ela representava uma importante aliada política.
A decoração do prédio ficou sobre responsabilidade da oficina de esculturas de João Vicente Friederichs que, a partir de então se projetou na comunidade. O Engenheiro Rodolfo Ahrons queria que as esculturas privilegiassem uma linguagem mais familiar ao público, reportando-o ao seu cotidiano.
O grupo principal de esculturas pretende evidenciar os serviços prestados pelos correios unindo os continentes. Três figuras compõem este grupo: ao centro uma figura masculina (Atlante) curvada pelo peso do globo que carrega nas costas; dos lados um mulher e um adolescente também empenhados em levantar o globo. A figura feminina representa a Europa e o adolescente a América.
Mais dois grupos de esculturas na fachada evidenciam uma linha familiar: a mãe que enlaça o filho e com o outro segura uma carta (mostrando a dor da separação dos imigrantes e a função doméstica da mulher como base da família).
A idéia de mostrar nas esculturas as expectativas dos imigrantes agradava ao governo positivista. Havia, nesse período, uma política de incentivo à imigração e sua integração à economia colonial.
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