COLONIZAÇÃO POLONESA.
Logo após a Proclamação da República, em 1889, o Governo Brasileiro realizou uma grande campanha para a vinda de agricultores europeus, pois estava necessitando de trabalhadores que substituíssem os escravos e desta forma mantivessem o equilíbrio econômico.
O Governo Brasileiro comprometeu-se com as despesas da travessia e da doação de terras aos que desejassem vir para o Brasil.
Mas mesmo antes do Governo Brasileiro lançar essa proposta, algumas famílias vieram por conta própria até o Rio de Janeiro, rumando para Porto Alegre, de onde viajando de lancha até São Jerônimo, chegaram até a colônia de São Feliciano.
Em 1890, assumiu a direção da colonização o Dr. Alfredo da Silveira destinando a extensão dessas terras, à Imigração Polonesa.
Os primeiros Imigrantes chegaram ao Brasil nos anos de 1890 e 1891. Sendo: 1.554 originários da Polônia, 1.923 originários do território polonês sob a dominação Russa e 93 alemães.
Quando chegou a Porto Alegre o Departamento de Terras e Colonização logo os encaminhou para a Colônia de São Feliciano. Chegaram em carroças puxadas a bois,alguns a pé, outros em burros carregados de balaios. A dificuldade de acesso era uma constante e vinham abrindo caminhos até o objetivo final.
Através de prestações em longo prazo cada família recebeu um lote de vinte e cinco hectares de terra. Receberam também cinqüenta mil réis para que em três meses pudessem construir suas casas de madeira. As sementes de cereais foram distribuídas gratuitamente para o primeiro ano de plantio.
Á margem direita do arroio Forqueta iniciaram o povoado e também as chamadas “Linhas”, e em cada uma delas formaram uma comunidade. Construíram sociedades que serviram como capela e escola.
Os imigrantes viviam numa situação de grande pobreza, pois, apesar de terem boas colheitas, continuavam enfrentando o problema de não terem estradas nem compradores para seus produtos. Então; trocavam seus produtos, por sal, café, açúcar, tecidos, etc.Entre os imigrantes agricultores haviam também alguns profissionais como: ferreiros, carpinteiros, pedreiros e outros.
Os poloneses sempre manifestaram extrema religiosidade e fé. Ergueram a primeira capela próxima do Arroio Forqueta.
Em 15 de novembro de 1891 chegou o primeiro padre franciscano, Martiniano Madrzejewski.
No ano de 1908, a Sede tinha 153 pessoas e trinta casas, uma ferraria, uma olaria, uma escola, uma estação telegráfica, uma agência de correios, um posto pluviométrico e oito casas de comércio. Em 07 de maio de 1906 iniciou-se a construção da igreja de alvenaria e em 15 de novembro de 1914 ela foi solenemente abençoada.
Pelo Decreto nº 7589 de 28 de novembro de 1938 a colônia de São Feliciano passou a chamar-se Dom Feliciano, em homenagem ao primeiro Bispo do Rio Grande do Sul, Dom Feliciano José Rodrigues Prates, que em determinada época trabalhou como vigário de Encruzilhada do Sul.
Com a presença do padre Estanislau Nowak, como pároco, os Dom-felicianenses,perceberam que só obteriam maiores benefícios se fossem independentes. Iniciou-se, então, a Campanha Emancipacionista. Foi formada uma comissão e realizada a coleta de assinaturas de um terço do eleitorado do território emancipado para fazer a solicitação de credenciação da Comissão Emancipacionista que era assim constituída:
Presidente de Honra: Pe. Estanislau Nowak.
Presidente: Catulino Pereira da Rosa
Vice-Presidente: Zeno Tworkowski
2º Vice-Presidente: José Francisco Kuczynski
Secretário Geral: Leonardo Maliszewski
1º Secretário: Joaquim Luiz de Farias
2º Secretário: Dante Morelli
Tesoureiro Geral: José Stachlewski
1º Tesoureiro: Alfredo Kuczynski
2º Tesoureiro: Alfredo Kuczynski
MEMBROS
José Janovik Salim Figueira de Moura
Sinval Tavares José Maria Pedroso de Lacerda
Reinaldo Janovik Silvio Silvino dos Santos
Ramão Bobrowski Ceslau Tadeus Stelmaszczyk
Lígio Uszacki Almenon Rodrigues Ferreira
João Rufino Pereira Frontino Bica Rodrigues
Algemiro Iribarrem Acimar Pereira Lucas
Ludovico Kwiatkowski Eduardo João Schumann
Paulino Rakowski Gelson Bica Rodrigues
Raul Pereira da Gama Antônio Amércio Hugo
Marcino Bica Antunes Donato Pereira dos Santos
Antônio Szortika
Após pareceres e análises dos poderes estaduais, pelo Projeto da Lei nº 103, de 20 de junho de 1963 a Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, determinou a realização da consulta plebiscitária.
No dia 25 de agosto de 1963 foi realizado, com sucesso, o Plebiscito. O resultado foi de 972 votos a favor e 430 votos contra a emancipação de Dom Feliciano.
Então o Governador do Estado, Exmo. Sr. Ildo Meneguetti, pela Lei nº 4635 de 09 de dezembro de 1963, criou o município de Dom Feliciano, desmembrado dos municípios de Encruzilhada do Sul, Camaquã e São Jerônimo.
Em 19 de março de 1964, procedeu-se a eleição dos primeiros mandatários do novo Município. Concorreram Catulino Pereira da Rosa e Dante Morelli. Apurados os votos, as urnas acusaram o seguinte resultado:
Prefeito: Catulino Pereira da Rosa
Vice Prefeito: Alfredo Kuczynski
Vereadores: Augusto Krachefski
: Ceslau Tadeu Stelmaszczyk
: José Janovik
: Longuinho Fábis
: Miguel Blumberg Campello
: Pedro Gejfinbein
:Volmar da Rosa Leite.
Todos prestaram compromisso na Câmara de Vereadores improvisada na Sociedade Progresso, em 12 de abril de 1964, e tomaram posse.
O mandato do primeiro Prefeito e Vice-Prefeito foi fixado pelo prazo de quatro anos, isto é, até 31 de dezembro de 1967. No entanto pelo Ato Complementar nº 37, de 14 de março de 1967, foi prorrogado o mandato até 31 de janeiro da 1969.
A Câmara Municipal seria constituída por sete membros de acordo com a Lei de Criação do Município.
Na historia de Dom Feliciano muitos lideres contribuíram para seu desenvolvimento.
Entre eles destacamos:
-FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ:
Intelectual, escritor, professor, poliglota e poeta. Chegou a Dom Feliciano em 1894, aos 22 anos de idade e já falava fluentemente 24 línguas. Quando faleceu em maio de 1957 dominava 104 idiomas.
Lorenz foi um grande espiritualista desde 1887. Tem 77 obras publicadas, sendo várias em esperanto, além de muitas traduções.
-PADRE CONSTANTINO ZAJKWOSKI:
Nasceu na Polônia e desenvolveu aqui extraordinárias atividades no campo religioso.Na Sede fundou um Grupo Escolar e quatorze escolas no interior, a cooperativa, o hospital trazendo as Irmãs da Ordem Franciscanas Bernardinas e muitas outras grandes realizações.
-EDUARDO JOÃO SCHUMANN:
Foi dentista e desenvolveu sua atividade com dedicação e esmero. Foi Vice-Presidente do Movimento Emancipacionista Provisório.
-DR. DARCÍLIO DE SOUZA GARCIA:
Chegou a Dom Feliciano em 12 de fevereiro de 1937 onde iniciou suas atividades como médico. Foi o primeiro médico do Posto de Saúde de Dom Feliciano.
-CARLOS MUSZYNSKI:
Chegou ao Brasil em 1906 e em seguida veio para Dom Feliciano. Durante toda sua vida dedicou-se ao Magistério e a música.
É sempre lembrado pelos descendentes poloneses pela sua grande contribuição cultural.
-JOSÉ LEMPEK:
Foi professor Estadual durante 22 anos, na localidade de Barra do Arroio Tigre, em Dom Feliciano. Foi condecorado pelas autoridades da Polônia com distinção de reconhecimento por serviços prestados.
-HILÁRIO MARIANO USZACHI:
Foi poeta destacado por expressar os sofrimentos e esperanças dos imigrantes poloneses.Foi professor, falava francês, polonês e alemão.
-CATULINO PEREIRA DA ROSA:
Desempenhou a função de Presidente da ultima Comissão Emancipacionista. Foi eleito Prefeito de Dom Feliciano em 29 de março de 1964 sendo reeleito por mais duas vezes.Seu trabalho marcou profundamente o desenvolvimento de nosso Município em todos os setores.
PONTOS TURÍSTICOS:
CASA DA CULTURA DO IMIGRANTE, SANTUÁRIO , MONUMENTOS
E CRUZ DO IMIGRANTE
A Casa da Cultura do Imigrante é uma edificação em estilo montanhês, característico do sul da Polônia.Em linhas gerais, esse estilo utiliza materiais rústicos como madeira e pedra. O destaque principal é o telhado proeminente e suas linhas principais possuem águas subdivididas em duas inclinações, sendo a água da cumeeira de inclinação mais acentuada do que a água do beiral.
A entrada principal salienta-se do corpo do edifício com uma cobertura diferenciada.
A base do pavimento inferior é de pedras, o que proporciona a solidez no conjunto arquitetônica.
Nos frontões o fechamento é em madeira em contraste com a alvenaria e o telhado, proporcionando uma composição harmônica e peculiar.
O projeto e execução da “Casa do Imigrante Polonês” foi realizada pelo arquiteto Roberto Scislewski. O projeto da “Casa do Imigrante Polonês” foi desenvolvido seguindo os padrões e características mais autênticas possíveis.
Nossa Casa da Cultura abriga o Museu Municipal que contém objetos da immigração polonesa, todos doados pela comunidade. Possuímos também a Biblioteca Pública Municipal Francisco Valdomiro Lorenz que atende pessoas da comunidade de todas faixas etárias e ainda para crianças possui o recanto da Gurizada Medonha um cantinho com jogos e livros infantis que servem para despertar a vontade pelo conhecimento desde cedo.
Oferecemos cursos artesanais das mais variadas artes, atendendo um grande número de pessoas, ale de também possuirmos uma sala de cursos de Língua Estrangeira, como Inglês e Polonês. Desenvolvemos projetos integrados com apoio da comunidade, de escolas e comercio local, proporcinando mais lazer e cultura aos munícipes.
Principais atividades desenvolvidas na Casa da Cultura do Imigrante:
- Museu Misto Permanente: Setor em dois módulos que contam a história da imigração polonesa até os dias de hoje.
- Biblioteca Pública Municipal Francisco Valdomiro Lorenz: atende toda nossa comunidade.
- Cursos de Inglês, Polonês e artesanato.
- Exposições de artes plásticas e diversos outros assuntos.
- Projeção de vídeos e documentários sobre os mais variados temas.
- Realização de Projetos sobre os mais diversos assuntos em parceria com as Entidades de Dom Feliciano.
- Realização da Feira do Livro, etc.
- Realização do Dia de Ação de Graças.
Outro ponto de referência em Dom Feliciano é a Cruz dos Imigrantes inaugurada na primeira semana do município. É um marco histórico da chegada dos imigrantes poloneses. É um mirante de onde podemos observar toda a cidade. E ao seu lado encontra-se um Monumento em homenagem a Nossa Senhora de Czestochowa nossa mãe e Padroeira que possui a imagem da Santa e em polonês a seguinte frase “Matko Boska Częstochowska, Jesteśmy Pod Twoją Opieką” que quer dizer “ Nossa Senhora De Częstochowa estamos Sob Tua Proteção”.
Próximo a Casa da Cultura encontra-se o Monumento dos Imigrantes outro monumento simbolizando a chegada de uma família de imigrantes. Em seu interior foi guardada (em 1991) uma cápsula especial com documentos e registros sobre a comunidade Dom Felicianense e será aberto 100 anos após a referida data.
Temos também com muito orgulho o Santuário de Nossa Senhora de Czestochowa no centro da cidade com um altar belíssimo esculpido pelo Sr. Alexandre Szostakowski e com a Via Sacra esculpida em concreto pelo artista Arystarch Kaszkurewicz. O santuário fica aberto todos os dias da semana para que os fiéis possam visitar sua Mãe protetora.
“COSTUMES E TRADIÇÕES”
Até hoje a população mantém certos costumes e tradições marcantes entre os poloneses.Em relação a alimentação destaca-se: a “Czarnina”(sopa de sangue de pato), “Golabki”,”Pierogi” (pastel de requeijão), “Chrusciki” (calça virada”),”Placek” (cuca), “Bigos” , “Pierniczki Drobne” ( docinhos para Natal).
O polonês é um povo extremamente católico e mostra essa religiosidade na fé em Nossa Senhora de Czestochowa, a Padroeira de nossa cidade.A imagem se encontra em todos os lares das famílias de nossa comunidade.
A Semana Santa (“Wielki Tydién”) até hoje é muito peculiar. Durante a quaresma, nas sextas-feiras tem-se a Via-Sacra.Na sexta-feira Santa a cerimônia da paixão inicia as quinze horas.Então começa a adoração de Cristo Morto e a guarda do Sepulcro fica a cargo de soldados caracterizados de “turcos”.
No Sábado Santo pela manhã é feita a tradicional “Swieconka” (Benção dos alimentos).
Domingo de Páscoa ocorre a Ressurreição, com a encenação dos guardas “turcos”, procissão e muita alegria.
Na época da Páscoa a Casa da Cultura do Imigrante favorece o concurso de “Pisanki” (antiga tradição polonesa que utiliza diversas técnicas de pintura em ovos).Este evento é realizado anualmente com as Escolas Municipais e Escola Estadual.
No Natal realiza-se a “Cerimônia de Oplatek” (Antiga e tradicional cerimônia polonesa onde se partilha o pão Ázimo: “Oplatek”). Uma expressão maior de fraternidade entre os seres humanos.
Ainda no Natal realiza-se o concurso “Najladniejsza Choinka”.A escolha das mais bela árvore de Natal em decoração de rua.
Nessa época são entoados os cantos chamados “Koledy” (Músicas polonesas típicas do Natal).
Em 15 de agosto é comemorada a festa de Nossa Senhora de Czestochowa, padroeira de Dom Feliciano que tem o Santuário em sua homenagem.